Universidade deve exigir o máximo conhecimento do conteúdo mínimo indispensável

Em artigo publicado em seu blog, Roberto Lobo, ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP) assevera que: “a universidade deveria voltar-se ao aluno médio (ainda que possa – ou deva – estabelecer programas especiais para os mais adiantados, ou para os mais atrasados), dosando nos currículos o que ele seria capaz de absorver naqueles poucos anos de universidade.”

Eis o artigo:

A primeira fase decisão de qualquer organização deve ser a definição da missão institucional, quando a instituição declara a que veio, qual o seu papel social e quais as suas intenções.

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Em 1930, o filósofo espanhol Ortega y Gasset preocupou-se com o que seria a missão da nova universidade, daquela época. Em seu livro Misión de la Universidad ele analisa o papel da universidade diante das mudanças que a sociedade certamente estava por passar.

Para Ortega y Gasset, a atividade de ensino nas universidades tinha como objetivo a formação de cientistas e de profissionais intelectuais. Esta última seria feita em carreiras que, embora não gerassem, necessariamente, novos conhecimentos científicos, deles se apropriavam para resolver os problemas concretos do homem civilizado, o que exigiria profissionais em dia com os avanços da ciência e da cultura (hoje, se incluiria menção à tecnologia), relacionados à sua área de atuação.

Já a metodologia da formação de um cientista é a do aprofundamento vertical, da valorização da dúvida e do questionamento, quando a do profissional deveria ser mais horizontal, erudita, valorizando mais as certezas e as respostas.

Neste sentido, a formação profissional, objetiva e mais formativa que informativa, deveria ser complementada por outras atividades capazes de educar o estudante, além de transmitir-lhe as técnicas essenciais ao desenvolvimento de sua carreira.

Além disso, afirmava o filósofo, a universidade deveria voltar-se ao aluno médio (ainda que possa – ou deva – estabelecer programas especiais para os mais adiantados, ou para os mais atrasados), dosando nos currículos o que ele seria capaz de absorver naqueles poucos anos de universidade.

Seria necessário exigir o máximo conhecimento do conteúdo mínimo indispensável – o oposto da visão de que todos os universitários devem ser considerados pesquisadores em potencial e que longos currículos e as montanhas de informação são essenciais para a preparação de um bom profissional.

Dentro desta mesma linha de raciocínio, o que se denomina de ciclo básico (geralmente contestado por alunos e professores das áreas profissionais) seria essencial para a boa formação do egresso, desde que o aluno fosse levado a estudar assuntos importantes para o seu crescimento profissional, sem entrar em detalhes demasiadamente específicos de técnicas, ou que sejam necessários somente para os que desejem dedicar-se à investigação.

Nesse contexto, considero importante, também, ampliar o conceito do que é básico e fundamental para o estudante que pretende seguir uma carreira profissional – não é só o que se convenciona definir como ciência básica. Oferecer uma formação pessoal e intelectual de nível superior deveria estar entre as preocupações dos responsáveis pelas propostas curriculares dos cursos superiores.

Se compararmos as propostas da Unesco para o profissional do futuro, elaboradas no encontro sobre educação superior para o século 21, podemos reconhecer muito do que nos propunha Ortega y Gasset, há mais de oitenta anos atrás.

Deve-se isto à grande visão do filósofo ou será que temos trabalhado pouco nestes anos para modernizar a universidade?

Parece que o desafio de formar o profissional capaz de atender às necessidades de uma sociedade moderna em constante mutação ainda encontrará um obstáculo natural: a transposição dessa filosofia para a proposta das diretrizes curriculares e destas para os projetos pedagógicos e matrizes curriculares de cada curso, de cada instituição de ensino superior do nosso País.

fonte: Blog Robert Lobo

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