L’Unità, por Claudio Sardo.
“A desigualdade é a raiz dos males sociais”: esse foi o tuíte que iniciou a discussão de um sistema, para muitos, inquestionável.
O impacto do referido tuíte foi traumático, principalmente nos Estados Unidos, onde instantaneamente se desencadeou uma intensa polêmica nas redes sociais.
“A desigualdade não é mais um mal necessário, o custo inevitável de um mecanismo social que, contudo, assegura desenvolvimento e dividendos para a comunidade. É a sua justificação moral que desaparece. E isso ocorre enquanto a crise está mudando os próprios paradigmas da ciência econômica. Não é apenas o Papa Francisco que deslegitima a ética do capitalismo e a ideia de uma ‘naturalidade’ sua. Agora, a nata dos economistas explica, com os números em mãos, que o crescimento das desigualdades nas sociedades avançadas está favorecendo o decrescimento, a recessão, a ruptura das redes de coesão social. (…) o preço da desigualdade já é insustentável na própria perspectiva do mercado e do desenvolvimento.”
O papa escreveu que “todo crescimento econômico, favorecido pelo mercado livre”, produz maior equidade e inclusão social. “Essa opinião, nunca confirmada pelos fatos, expressa uma confiança grosseira e ingênua na bondade daqueles que detêm o poder econômico e nos mecanismos sacralizados do sistema econômico imperante.” Esse particípio, “sacralizados”, é implacável: denuncia toda tentativa de assimilar o capitalismo à natureza ou à religião.
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Processo Civil Moderno, volumes 1, 2, 3 e 4
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A perspectiva de Francisco, no entanto, não é a de atualizar a doutrina social da Igreja. Ele pede que a Igreja esteja evangelicamente com os pobres e olhe para o mundo do seu ponto de vista, com um ponto de vista crítico à contemporaneidade.
Papa Francisco aponta que o capitalismo e a desigualdade não são as únicas possibilidades de vida social, e mostra que tem uma ideia alta da política (o contrário do populismo). Mas, segundo ele, são os leigos que devem desenvolvê-la, os cidadãos do mundo, dos quais os crentes fazem parte.
“Os governos, os partidos devem fazer de tudo pelo bem comum, mas qualquer solução será sempre criticável e perfectível. O pensamento crítico continua sendo o recurso mais precioso à disposição do homem”.
Veja o texto na íntegra aqui.
Fonte: L’Unità